Escrevendo essa história juntas desde os dezesseis anos | uma crônica sobre a minha melhor amiga Júlia

Andresa Costa
3 min readOct 15, 2023

Imagem: acervo pessoal Andesa Costa @ andcph

leia ouvindo: conversa de botas batidas — los hemanos

Júlia é minha melhor amiga desde os dezesseis anos. Ninguém no mundo me conhece como ela, as vezes nem preciso verbalizar um sentimento e como escritora, a maioria das coisas só sai de mim e vira sentimento depois que escrevo a respeito. A primeira pessoa que me fez enxergar isso foi ela e sou muito grata por isso.

Nossa amizade surgiu dos nossos encontros aleatórios de grupos de tumblr em 2014, éramos jovens, cheias de sonhos e com muito tempo livre. Ela me emprestou o seu nome para a personagem do meu primeiro livro quando mal me conhecia e deu muita risada da minha peripécia amorosa que virou um belo romance. Hoje, escreve comigo a história das nossas vidas de lugares diferentes no Brasil, mas nada que duas horas e meia ou três horas de viagem não resolvam, Recife é logo ali.

No nosso livro da vida, aprendemos a respeitar uma à outra, acolher, sobretudo, porque essa amizade sempre foi baseada nisso e muita comida gostosa (melhor bolinho de cenoura com cobertura de beijinho é o seu mozi!).

Admiro demais essa mulher, especialmente porque ela não tem medo e banca a coragem de ser a Júlia que sempre quis aos dezesseis anos com cicatrizes ou não. Existem muitas formas de crescer e torna-se adulta, as vezes de jeitos muito dolorosos, Gal cantou em lágrimas negras “que belezas são coisas acesas por dentro, tristezas são coisas apagadas pelo sofrimento” já te observei acender e apagar algumas vezes ao longo desses anos, mas sempre com muita cautela e às vezes sem força nenhuma ou com toda força e sensatez do mundo.

A distância não me permite a presença física na maior parte do tempo em tudo que gostaria, mas presença não significa afeto como a gente já aprendeu ao longo desses últimos anos longe uma da outra.

Dividir a vida contigo online ou presencialmente sempre será sobre o privilégio de te ouvir contar os seus causos, sentimentos, a sua forma de ver a vida e nunca deixa ser especial de Recife ou de Campina Grande. Espero que um dia a gente possa dividir a mesma cidade de novo ou pelo menos ter mais encontros numa outra configuração de vida.

Existem muitas formas de dizer que amo você, Júlia Carla, mas escrever sobre ti é sempre a minha favorita delas.

O começo do fim da nossa vida é sempre imenso em possibilidades, já cruzamos muitas avenidas e carnavais entre Olinda e Recife e abrimos muitas janelas juntas deixando o sol entrar para nos aquecer e cansamos de fugir do amor, mas aprendemos a nos amar e a ser amada uma pela outra*.

Todo ano agradecendo o privilégio que foi te conhecer e de ainda ser sua melhor amiga.

Glossário

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