Onde se firma o pé e as saudades | Carta a companheiro Pedro Silvan

Andresa Costa
2 min readJan 27, 2024
foto: acervo pessoal da autora

Leia ouvindo: Maravilha Marginal — Letícia Fialho

Querido Pedro, já faz quase um ano que você se foi e ainda não consigo me acostumar com a ideia de que toda vez que o RN e Paraíba estiverem na estrada você não vai estar conosco.

O conune foi solitário sem você, sem sua irreverência e felicidade, especialmente sem os abraços e carinhos aleatórios. Realizamos uma Emerson Pacheco na Paraíba, mas começamos pelo eixo IV de Agitação e Propaganda…foi impossível não pensar em você quando realizamos a jornada socialista, no roteiro que Sofia escreveu sobre o CPC da Une e lembrei do curso que fizemos automaticamente no início do ano passado. Como conhecer a ENFF foi incrível para todos nós e mudou a gente em 2023 de alguma forma.

O movimento estudantil é um território que sempre terá um pedaço seu, impossível esquecer aquela linda jornada socialista do curso acho que nunca me emocionei tanto. Ainda entendendo esses territórios de luto, são tantos sentimentos que não cabem na luta, mas transbordam nas palavras, na nossa agitação e propaganda, nos estandartes cheio de chita, nas palavras bonitas que se encontram e fazem nossas poesias, nas vozes unidas em uníssono gritando “ahhhh levante-se, levante-se, pela revolução”.

Levantamos e lutamos um pouco todo dia, mas ainda dói a sua ausência, ainda dói mais a tua partida tão repentina. Dói especialmente pensar no momento que recebemos a notícia a caminho da Bienal da Une e pensar que vocês podem ter mais uma vez dividido o ônibus conosco. Dias após estarmos todos juntos e voltando da ENFF, criamos nosso NB… o grupo no WhatsApp ainda existe, nenhum de nós teve coragem de sair.

O 4o Seminário Nacional do Levante Popular da Juventude leva o nome de Pedro Silvan, a saudade se condensou naquilo que a sua figura era para nós, arte, companheirismo, mas sobretudo muito afeto. Um eterno lembrete que aos nossos mortos nenhum minuto de silêncio, mas uma vida toda de luta.

Tentando estar onde se firma o pé como na canção, mas ainda é preciso olhar o luto e o tempo como se é.

Com amor, Andresa.

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